
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Incomunicabilidade

Uma lixeira. Não ficava no centro da sala. Sempre nos cantos ou atrás da casa. Não estava escondida, apenas permanecia no local em que lhe determinaram. Abrigava todo o tipo de lixo dos moradores da residência. De fato, esses lixos se diferenciavam entre si, iam do lixo íntimo ao lixo comum. Mas no fim eram a mesma coisa, só lixo. Um dia houve descuido na sua manutenção. Esqueceram de remover o lixo e de limpar a cesta. Os resíduos antigos formaram uma crosta grudenta, onde os novos lixos se juntavam e a engrossavam. Agora era impossível distinguir a espécie de lixo que tinha ali. O acúmulo foi tanto que, ao invés do lixo se expandir pelo resto da casa, como era o esperado, o solo sobre o qual a lixeira estava posta se quebrou. Com as toneladas de lixo sobre seu corpo, ela afundou e sumiu na cova que o peso do seu ofício lhe fizera cavar.
Postado por Uma lixeira
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
domingo, 13 de setembro de 2009
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Lee Salva!

O cara todo errado entrou na academia e perguntou desafiando:
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Pureza

Imagine-se!
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Cataclismo

Então, só a putrefação nos dá identidade.
Cheirosos e bem vestidos, banhados em perfumes,
caminhamos por shoppings, templos que nos unem,
com almas cheias de artificialidades
Aliás,
vão onde habitava uma alma quando havia fé,
quando íamos a igreja em busca ao Pai,
tempo de Nós, antes do Eu, Eu que agora cai
Nesse declínio, Nós retornamos em pé
No ritual,
a cafeína dá sabor ao sangue insosso,
a nicotina ocupa o ermo dos pulmões,
prestamos a atenção enquanto o outro se expõe
eis a nossa prece, a busca pelo gozo
Desde de o nascimento,
nossa vida foi organizada em cima dum Buraco
no qual jogamos alimentos para tapar
Erosões acontecem a todo instante - azar
Fome eterna, Lhe-enfiamos cerveja e churrasco,
mas não basta.
Dia após dia nossa cova cresce
Com o trabalho tentamos contê-la,
estudantes buscam formas pra detê-la,
mas ela ainda ignora nossa prece
Também,
nem a mais alta tecnologia
pôde fechar a lacuna
A nossa razão se tornou vazia
Nós falhamos, em suma
No desespero,
nós despejamos baldes de palavras
Nosso vocabulário é muito curto,
pois nem mesmo chega ao fundo em amarras
e, assim, nosso silêncio é um surto
É óbvio,
sabe por que desistimos do Eu,
por que voltamos ao Nós?
Perceba como o Buraco cresceu
O conteríamos a sós?
Mas,
nós poderemos evitá-Lo juntos?
pois o que nele jogamos
nem sequer tocou o seu fundo,
nem mesmo desfez seus ramos
Enfim,
nosso esforço não foi ao todo obsoleto
Depois de perdermos todos nossos pertences
naquela imensidão pintada de preto,
descobrimos Seu objetivo latente,
o motivo pelo qual Ele existe
Demos nossos perfumes, nossos alimentos,
tudo que havia de belo e de triste
Ficamos com corpos secos e pestilentos
Descansamos na aurora
Devoramos nossos músculos
Nos deitamos nesta hora
Sucumbimos no crepúsculo
Nosso prêmio por desistirmos da vaidade:
em troca de tantas quinquilharias,
nós recebemos o frasco de identidade
o odor do fim, o que a gente faria?
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postado por Um de Nós.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Velho Poeta - MXdaSilva

Belos sonhos, velho poeta, você os viveu,
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Árvore Solitária - MXdaSilva

Uma árvore frondosa e bela
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Evolução

sábado, 15 de agosto de 2009
Vergonha

Somente os ponteiros do relógio possuem ânimo para continuar. Dizendo que o tempo está passando, que algo está acontecendo. Mentindo para si mesmos. Muitos giros e o azul permanece intacto.
Implore para que uma nuvem borre a estabilidade. Tape a nudez do teto e esconda tal obscenidade, uma afronta ao nosso pudor.
Agradecemos.
Realidade sem Nome - n°1

Muitas pessoas estão investindo em você.
Quando você não consegue sair da frente da televisão, não é por sua causa.
Quando você não consegue sair da frente do computador e fica segurando teu mijo e tua merda só porque a pessoa com quem está conversando no MSN esta digitando uma mensagem.
Quando você entra no Orkut para ver aquele monte de recado inútil, fazer fofoca com os outros e ver as atualizações do teu vizinho.
Quando você entra no Twitter para escrever que está cagando, mijando ou trepando.
Quando você vai no cinema ou fica ansioso para ver um filme antes dos outros.
Quando você compra as roupas da moda.
Quando você vai malhar na academia.
Quando você escuta Nx Zero.
Quando você compra revista de mulher pelada, entra em sites pornô, bebe cerveja, fuma marlboro...
E quando você cai na real, você acorda triste. O que acontece se rejeitar tudo isso?
Poderia acordar cedo e beber minha água?
Defecar e urinar em Paz?
Ir à casa dos meus amigos?
Esquecer Hollywood?
Usar a mesma roupa tipo desenho animado assim, que o carinha abre o armário e tem várias peças iguais?
Levar meu cachorro passear, ou ir nadar no rio para fazer exercícios?
Masturbar-me usando somente a imaginação?
É impossível, ou não.
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Postado por um Atrasado.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Disenteria

Abertos, fechados, tanto faz. Lá dentro habitam os resíduos do mundo externo.
Abertos, fechados, abertas, fechadas. Como mandíbulas espumantes de um animal doente, suas pálbebras devoram o universo.
Todo o banquete que estava à disposição, decorado e bem organizado, passa a ser algo amorfo e de consistência indefinida quando entra em nossos olhos. A digestão.
Sem ordem, sem beleza, sem definição.
Intestino, cérebro, organismo desregulado. Incapaz de absorver as vitaminas, para ao menos dar um pouco de solidez àquela mistura fétida.
Um vaso sanitário de papel, uma caneta, merda.
Um vaso sanatório digital, um teclado, merda. A descarga.
Frio e fraqueza.
bostado por Um Debilitado cagando pura água.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
A Arte da Guerra - Sun Tzu

A Arte da Maloqueiragem
No começo da semana passada eu comprei um livro novo. Já tinham me recomendado A Arte da Guerra de Sun Tzu e quando encontrei uma versão pocket no sebo eu levei para a casa.
A introdução do editor é chata de arder. Aliás, quem curte ler 25 páginas só de introdução? Mas o livro propriamente dito não me surpreendeu em nada. Tudo bem, para a época Sun Tzu era um gênio, sim. Mas o que eu não entendo muito bem é como as pessoas precisam recorrer a um livro desses para conseguir êxito nos negócios e no amor, como o editor relata naquela introdução xarope.
Quando eu terminei de ler veio aquele pensamento na cabeça, puxa nada de novo. Pelo menos para quem foi criado andando na rua com os chegados e andando de bike no campinho sabe de tudo o que está no livro. Aprende na prática.
Por exemplo, os estudos preliminares logo no começo. Sun Tzu faz considerações sobre a guerra, sobre conhecer o inimigo e blá blá... Ok. Quando você está no campinho você aprende a não ser burro. Você tem a tua turma e conhece a turma dos outros cabeças. Sabe quem é mais forte e sabe onde eles moram.
Quem é um maloqueiro de verdade sabe se portar.
Um ladrão de varal nunca vai pular no quintal de alguém sem saber se ali tem cachorro ou se a porta dos fundos é regularmente movimentada. Espiões? Quer mais eficiência que um malaco que fica na esquina sondando o momento certo para roubar o ps2 do quarto do boyzinho da casa de esquina? Nada de novo.
E quando o assunto é o combate propriamente dito, aí que achei as maiores semelhanças com a vida no campinho da vila. Sun tzu era revolucionário nas suas estratégias. Mas o Preto e o Fabinho da rua de trás também eram fantásticos! E eles tinham apenas 11 anos. Construíam armadilhas nas rampas, escondiam as pedras e os chuchus no lugar certo para quando os piás da outra vila resolvessem invadir o nosso campinho. E sempre conseguiam defender nosso território.
Mas chega de comparações com a vida na rua. Se você foi criado em algum prédio, principalmente depois que a internet ficou bem acessível, o livro vai fazer total sentido na tua vida. Vai abrir teus horizontes. Mas eu sinto pena, por você não ter a oportunidade de aprender tudo o que Sun Tzu diz na prática.
Para terminar fica uma das máximas dele: “A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar.”
Então pense bem antes de arranjar confusão por aí com alguém. Ao invés dos meus amigos do campinho perder tempo arranjando treta, poderiam ficar brothers dos caras da outra vila para jogar um futebol na paz. Se bem que aquela adrenalina toda era uma das melhores coisas que presenciei.
Postado por Um Piá da Vila
sábado, 8 de agosto de 2009
Como escrever um texto profundamente reflexivo

É obrigatório que tenha algum respeitável idoso na história. Pode ser um adulto mesmo, mas os idosos incorporam melhor a sabedoria. Velhos Sábios para a vida.
Use alguma situação corriqueira para embasar o seu texto.
Narrando em primeira pessoa, de preferência, faça uma pergunta idiotamente óbvia sobre a situação para o velho sábio.
Preenchendo a lacuna da ignorância gerada pela pergunta, o velho deverá deixar uma divagação(aqui é útil acoplar um fenômeno natural que exemplifique o raciocínio do velho) sobre o mundo, os seres humanos e a existêcia.
O ponto chave da reflexão será o diálogo entre o tolo e o sábio. A pergunta deve ser tão idiota para que a falta de resposta, a divagação do velho, não incomode o leitor. A divagação faz com que o leitor esqueça da sua pergunta infeliz. O leitor e o sábio fingirão que não leram aquilo e serão felizes após o ponto final. A fórmula é tão exata quanto Pitágoras.
Siga o método e se torne um sábio, quem sabe um milionário ou até mesmo um mago.
postado por Um Mago