
Uma lixeira. Não ficava no centro da sala. Sempre nos cantos ou atrás da casa. Não estava escondida, apenas permanecia no local em que lhe determinaram. Abrigava todo o tipo de lixo dos moradores da residência. De fato, esses lixos se diferenciavam entre si, iam do lixo íntimo ao lixo comum. Mas no fim eram a mesma coisa, só lixo. Um dia houve descuido na sua manutenção. Esqueceram de remover o lixo e de limpar a cesta. Os resíduos antigos formaram uma crosta grudenta, onde os novos lixos se juntavam e a engrossavam. Agora era impossível distinguir a espécie de lixo que tinha ali. O acúmulo foi tanto que, ao invés do lixo se expandir pelo resto da casa, como era o esperado, o solo sobre o qual a lixeira estava posta se quebrou. Com as toneladas de lixo sobre seu corpo, ela afundou e sumiu na cova que o peso do seu ofício lhe fizera cavar.
Postado por Uma lixeira